Minha História com o Vaginismo

Prepara a pipoca amica porque a história é grande hahahhahha

Minha história começa em 2016, no dia da minha primeira noite com meu marido que foi um desastre, para não dizer outra coisa.

Preciso dizer que cresci em um lar cristão, e que falar sobre sexo, principalmente com a pessoa mais próxima a mim naquele momento, aconteceu apenas uma vez, cinco minutos antes de eu ir para o salão e ter o dia de noiva (sendo que eu por algumas vezes procurei está pessoa dizendo que precisava da ajuda dela nesta área).

E preciso dizer que sexo para mim, só depois do casamento, ou seja, eu tinha zero experiência de conhecimento na área.

Na época, antes de casar procurei sobre vídeos “sérios “ de como era a primeira vez e tudo que vi foi: a primeira vez para mulher “pode” ser um pouco incômoda.

Sabia de algumas coisas que pesquisei, então confiei, respirei fundo e fomos para o hotel. Sim, estávamos cansados pela semana corrida e o dia mais corrido e cansativo ainda, sem falar na festa de casamento onde foi maravilhosa, mas tirou nossos últimos suspiros de energia.

A vontade de nos conectar e conhecermos nesta área era tanta, que esquecemos todo o cansaço e focamos um no outro, mas infelizmente para mim, não foi o suficiente.

Foi dolorido, sem prazer, sem orgasmo, foi literalmente uma faca entrando dentro de mim, mas aguentei a dor. Ele perguntou se havia sido bom, eu disse: foi bom, claro! (menti)

Fomos para nossa mini lua de mel e todas as noites não conseguimos ter penetração, penso que foi agitação, a ansiedade, a euforia. Voltamos para nossa casa.

Na primeira noite em casa, estava sinceramente mais relaxada, e conseguimos ter a tal da penetração, mas, com dor.

Se passou um ano, um ano e meio e toda a relação sexual estava sendo do mesmo jeito, eu, fingindo prazer para agradá-lo, pois achava que era frescura minha e que eu era chata, aguentei.

Infelizmente, em 2017 acabei entrando em depressão por nenhum “motivo aparente”. Hoje percebo que era a frustração da minha vida sexual.

Precisei ser internada em uma clínica psiquiátrica por 21 dias. Saindo de lá, diariamente eu tomava 8 comprimidos, com isso, minha libido morreu junto.

Relatei a minha psiquiatra que eu não estava tendo interesse sexual por meu marido, ela então trocou meus medicamentos e disse para eu ir “tentando” que uma hora minha libido voltaria. Mas daí você pensa: porque eu não relatei do meu desconforto na hora da penetração? Como disse, naquele momento eu achava que isso era frescura minha.

Passou-se um tempo, perguntei há duas pessoas próximas que tinham uma vida sexual ativa a algum tempo já, se era normal sentir esse tal de desconforto. Me relataram que por eu ter casado virgem isso era normal.

Me agarrei naquilo com toda a minha força, sonhando com o dia que não teria mais dor. Não aconteceu! Nunca chegou esse dia até então.

Aconteceu que minha mente, sempre que pensava em sexo, não pensava primeiramente mais no prazer e sim primeiro na dor. Então me afastei do meu marido nesta área da nossa vida conjugal.

Em 2019, em um domingo à noite, eu e meu marido fomos jantar na casa de meus pais e começou a passar na TV uma matéria sobre o tal do vaginismo. Pensei comigo: que droga é essa?

Sentei no sofá sem chamar muito a atenção. A entrevistada relatou coisas em que várias delas eu me identificava. Gritei dentro de mim chorando! Chegando em casa pesquisei sobre o assunto discretamente, e pensei: será?

Contei ao meu marido, e procrastinei procurar ajuda porque ainda pensava ser frescura minha e porque eu era “chata”.

O ano de 2019 foi bem difícil para nós e decidimos que em 2020 iríamos tirar uns dias longe de tudo e de todos para desestressar e nos dar mais uma chance no casamento. Viajamos e foi bom, muito aliás. Rimos e brincamos um monte um com o outro, mas na hora de ter algo romântico, eu já travava.

Em 2020, fiz o desmame dos ansiolíticos, pois queria minha libido de volta.

Minha psiquiatra em todo estes três anos de tratamento nunca levou meu caso a sério, tudo o que ela fazia era trocar os medicamentos por um mais caro. Eram oito medicamentos diários e um deles custava R$96,00 a caixinha com 30 comprimidos. #euquelute

Levei para ela vários medicamentos para tratar a falta de desejo sexual, ela só olhava e dizia: com o tempo vai passar, vai “tentando”. Ela nunca, NUNCA me pediu um exame hormonal.

Então, fiz o desmame em março crendo fielmente que minha libido iria voltar, dar um oi. Nunca voltou.

A tensão no meu casamento estava horrível. Nossa intimidade acontecia de 10, 15, 30 dias. No dia 04 de junho de 2020 foi a nossa última transa com penetração.

Eu chorei de dor, mas chorei mais ainda de frustração. Me perguntei: porque eu? Porque sempre meu corpo, minha mente não funciona? Sempre alguma coisa da errado.

Em um dia, em que estava extremamente sensível, chorei no sofá da minha casa e relatei a umas pessoas o que estava acontecendo. Naquele dia, eu precisava de um abraço, de alguém que tivesse empatia comigo, com minha dor, mas não recebi.

Contei que meu casamento estava por um fio, contei do meu desconforto na hora da penetração, e tudo que recebi foi: vai “tentando”, faz isso, faz aquilo.

Me frustrei MUITO naquele dia, eu só queria um abraço, ser acalmada.

Me contaram também seus problemas, e a sensação que tive foi: relaxa, meu problema é maior do que o seu.

Meu casamento quase chegou ao fim em 2020, mas apesar de tudo, de todas as brigas que era por motivos bobos, mas também por eu não querer ter mais intimidade física, colocamos nosso sentimento acima de tudo e finalmente procuramos ajuda.

Chegando no consultório relatei tudo. Toda a minha história.

Minha querida ginecologista com todo o amor falou: querida, porque aguentou isso por tanto tempo, 4 anos! Desabei chorando.

Ela me acalmou e disse que a minha luta, agora também era uma luta dela.

Fizemos o exame de toque. Tenho calafrios só de lembrar. Lágrimas escorreram pela dor. Eu gemi, chorei e gritei lá no fundo da minha alma.

Fiz os exames hormonais e de vitaminas, pois perdi 6kg em duas semanas. Minha testosterona livre e a biodisponível nem existem no meu corpo.

Faz duas semanas que iniciamos o tratamento, inclusive com acompanhamento terapêutico.

Vaginismo tem cura, e isso me alegra!

Depois de um tempo percebi que aquelas pessoas que não me estenderam a mão quando pedi socorro, não foi nem por culpa delas e sim, porque nem elas sabiam deste tal do “vaginismo”.

Hoje, depois de conversas e empatia por mim e por elas também (precisei entender isto) estamos bem e isso é muito importante, pelo menos para mim, para minha caminhada.

Estaria totalmente perdida se não tivesse o apoio do meu marido e da minha família. Sou verdadeiramente grata!

Sei que Deus está no controle de todas as coisas!

Ele é meu abrigo e meu sustento, colheu cada lágrima minha e vem me amparando.
Um abraço a todas, estamos juntas! 💪🏽🥰👽

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