Karine Sepúlveda

Trajetória Profissional

Psicóloga Clínica e Hospitalar. Possui graduação em Psicologia pela Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública (2006). Especialista em Psicopatologia Clínica pela UCB-RJ (2009); Especialista em Psicologia Hospitalar pelo CFP (2011); Mestre em Família da Sociedade Contemporânea pela Universidade Católica do Salvador (2014). Atualmente sou a Chefe do Serviço de Psicologia do Hospital da Bahia (HBA); Psicóloga responsável pelo Ambulatório de Obesidade e Cirurgia Bariátrica Dr. Marcelo Zollinger – NOZ; Membro do Comitê de Crise para Enfrentamento da Pandemia Covid19- HBA; Preceptora de Estágio Específico em Processos de Saúde da Universidade Jorge Amado - Unijorge. Docente de Pós-Graduação em Psicologia Hospitalar. Membro-sócio da Sociedade Brasileira de Psicologia Hospitalar (SBPH). Tem experiência na área de Psicologia, com ênfase na área de saúde.

Minha trajetória profissional começa em afinamento com o hospital. Já na graduação, no 4 semestre inicio atividades de estágio curricular e extra-curricular em diversos níveis de atenção em saúde. Do Complexo Comunitário Vida Plena – PSF, ao Centro de Referência de Crianças com Câncer GAAC, CAPS – Aristides Novis e Hospital Psiquiátrico Juliano Moreira, ao Hospital Octávio Mangabeira e Hospital Português. Este último em formato de Internato Multidisciplinar e extra-curricular. Aqui começa minha aposta na análise pessoal como instrumento de formação também profissional. Das Unidades de Terapia Intensiva Adulto, ao Programa de Hemodialise, Transplante Renal, Fígado e Medula Óssea. Aqui também encontro Sheyna Vasconcellos e desde então nossa trajetória profissional segue em sintonia e afinamento de propósitos.

No hospital, a psicopatologia em seus diversos arranjos e campos de saber foi instrumento clínico de bons resultados e as especificidades desse território me levou a aprofundar estudos na pós graduação em Psicopatologia Clínica com produção de trabalho final sobre a Obesidade Mórbida: um corpo em evidência e em desamparo. Um adendo: O desamparo, como conceito clínico e também experimentado na própria pele, foi fio condutor da escolha em torná-lo instrumento de trabalho. Dessas experiências infantis extrai a fórmula subjetiva, quase matemática, de lidar com situações adversas. E, neste cenário, o hospital é palco de múltiplas possibilidades. Estejam advertidos de que nossa trajetória de vida e o que fazemos com ela, modula nosso saber-fazer.

Parafrasenado Gil, a Bahia me deu régua e compasso. A psicologia hospitalar aqui estava em efervescência, com profusão de estudos, congressos, fóruns e abertura do mercado. Conclui a graduação em psicologia e deste internato no Hospital Português, recebi o convite para compor o Núcleo de Tratamento e Cirurgia da Obesidade (NTCO). Em paralelo, seguia projeto assistencial de voluntariado no Hospital Universitário Prof. Edgar Santos – Hospital das Clinicas – HUPES, onde pude acompanhar a formação das primeiras turmas de residência multiprofissional em saúde. Aqui também começa a minha conexão com a área de ensino e pesquisa. Nasce, A Psicologia no Contexto Hospitalar, juntamente com Sheyna Vasconcellos. O anfiteatro do HUPES está presente nas minhas memórias mais agradáveis dessa trajetória. Nosso curso teórico-prático, em seus diversos formatos, teve grande impulsionamento, de afeto e sucesso. Dele, surgem novas inspirações alicerçadas no desejo do saber-fazer com a psicologia nos hospitais: O curso de Intervenção Psicológica na Uti Geral e Cardíaca, com Ana Paula Brasiliano. E dele, tantos outros: Plantão Psicológico no Hospital: a urgência como ofício, Interconsulta Psicológica no Hospital Geral, Narrativas do Sofrimento Psíquico no Hospital: como registrar.

Aliança firmada com essa escolha em tecer à vida profissional, retorno ao Hospital Português para Implantar o Serviço de Psicologia na Maternidade SantaMaria. Uma pausa na Terapia Intensiva, para mergulhar na obstetrícia, na maternidade e na neonatologia. Da emergência obstétrica aos alojamentos conjuntos, dos nascimentos à termo e ambivalências afetivas, ao natimorto, a prematuridade e abortamentos e histórias de sofrimento psíquico que destronam o ideal romântico da vida reprodutiva das mulheres. Dessa clínica, nasce minha dissertação de mestrado com a convocação de pensar os reveses da maternidade na contemporaneidade.

Encerra-se mais um ciclo e um novo desafio me convoca: dois novos hospitais (Hospital Jorge Valente e Hospital da Bahia) e a preceptoria em saúde numa Universidade (Unijorge). Novos lugares com o velho desejo de seguir conciliando a assistência clínica e o ensino enquanto pilar de sustentação para a formação.

No Hospital da Bahia, o novo se apresentou como possibilidade de implementar do zero as condutas da nossa especialidade. Escrevi a próprio punho todo arsenal de diretrizes clínicas e operacionais da psicologia no hospital, os protocolos institucionais: - Delirium Nas Unidades de Terapia Intensiva; - Prevenção, Detecção do Risco, Controle e Manejo do Suicídio no Hospital; - Manejo Multiprofissional para pacientes em situação de Violência e Maus-Tratos. Implantei o programa de Interconsulta Psicológica nas Unidades Abertas e Emergência, o Programa Trainee e, por fim, o Plantão Psicológico no Hospital ampliando nossa territorialidade na instituição. Hoje, após 10 anos neste hospital, verifica-se concretamente os resultados dessa inserção. Em 10 anos, de uma dupla formamos uma equipe de 21 psicólogos e seguimos crescendo.

Paralelo ao hospital, as atividades da clínica se fazem presentes, especialmente, no ambulatório de obesidade (NOZ) e de Radioterapia com os pacientes oncológicos. Participação na CIHDOTT para intervenção no contexto de Morte Encefálica e Doação de Órgãos para Transplante. Sigo ainda trabalhando na gestão e manejo de crise / conflito no hospital, na comunicação institucional associada à tríade paciente-equipe-família, com a participação da psicologia no Comitê de Crise para Enfrentamento da Pandemia -Covid19, contribuindo com a elaboração de fluxos assistenciais seguros para a sustentação da subjetividade em terreno adverso. A telepsicologia se apresenta como a nossa mais nova ferramenta para o trabalho nos hospitais.

O letramente é o resultado dessa trajetória profissional alinhada com os ideais e premissas éticas que sustentaram o laço com a escolha em fazer da psicologia uma especialidade essencial no hospital. Aqui, a saúde mental, segue na linha de frente.

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